Existencialismo na Modernidade Líquida 

O existencialismo, especialmente nas reflexões de Jean-Paul Sartre, nos convida a encarar a liberdade humana como um fardo e uma bênção. Sartre argumentava que "o homem está condenado a ser livre", enfatizando que, sem a existência de uma essência pré-determinada, cada indivíduo é responsável por construir o próprio sentido da vida. Mas como essa filosofia dialoga com os desafios da vida moderna, marcada por constantes mudanças, incertezas e pressões sociais?

Na sociedade contemporânea, Edgar Morin nos alerta para a complexidade da vida, afirmando que o ser humano precisa integrar suas múltiplas dimensões — biológica, cultural, social e espiritual — para compreender sua existência. No entanto, essa integração é frequentemente desafiada pelo ritmo frenético da modernidade, que fragmenta nossas experiências e dificulta a busca por um sentido mais profundo. Morin propõe que é necessário cultivar um pensamento que abraça a incerteza, algo que ressoa profundamente com o existencialismo sartreano, que não oferece respostas prontas, mas exige que enfrentemos a angústia da liberdade.

Zygmunt Bauman, por sua vez, descreve a modernidade líquida como uma era em que tudo é fluido e transitório, incluindo nossas relações, valores e até mesmo identidades. Essa liquidez intensifica a sensação de desamparo existencial, já que os pilares que costumavam oferecer estabilidade — como tradições ou comunidades duradouras — foram substituídos por uma constante busca por novidades e adaptações. O peso da liberdade descrito por Sartre torna-se ainda mais evidente no contexto dessa liquidez: somos livres para ser tudo, mas ao mesmo tempo, somos esmagados pela falta de raízes e pelas exigências de reinvenção constante.